Biblioteca Negra
O ambiente sem pompas, com duas salas conjugadas, um pequeno banheiro e uma salinha para atividades extras, abriga centenas de preciosidades. No primeiro andar do prédio n0 1, em Escada, na Avenida Suburbana, livros de autores célebres da cultura afro-brasileira, a exemplo de Frantz Fanon, Pierre Verger e Marco Aurélio Luz, compõem o acervo da Biblioteca Abdias Nascimento - em homenagem ao professor e ativista do movimento negro. Fruto do sonho de um grupo de jovens que pretende disseminar o conhecimento através da leitura, a biblioteca ganhou vida desde maio de 2008.
A falta de espaços de valorização da cultura negra serviu de estÃmulo para a criação do projeto. O objetivo seria descentralizar as informações dos centros urbanos e levá-las à s comunidades periféricas. O edital do Programa BNB de Cultura viabilizou a realização da Biblioteca Abdias Nascimento, a segunda na cidade especializada em cultura afro-brasileira - a primeira é o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao). E o projeto não vingou de primeira. Houve uma tentativa em 2007, mas foi no edital de 2008 que, finalmente, saiu do papel.
A coordenadora do projeto, Isis Santos Sacramento, 22 anos, observa desde a implementação da Lei 10.639/03 - que determina o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas públicas - a dificuldade de professores e alunos em ter acesso aos livros sobre o assunto. "A biblioteca favorece a implantação de verdade da lei", comemora. O acervo já conta com 200 livros sobre o tema, inclusive infantis, e mais 600 tÃtulos da literatura em geral, sendo 52 comprados com a verba do financiamento e o restante doado por outras bibliotecas, por populares, Fundação Palmares, Ceafro e Ceao.
Homenagem - O ativista Abdias Nascimento soube da homenagem quando recebeu o tÃtulo de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb). O vice-coordenador do projeto, Eduardo Pereira da Silva, 26, relembra o contato com a personalidade que nomeia a biblioteca. "Ele ficou bastante emocionado. E doou vários livros, cartazes e DVDs para nosso acervo. Lamentou não poder estar aqui na inauguração", conta. Outra doação importante foi a da Maianga Produções, que presenteou o grupo com a coleção de Biblioteca de Literatura Angolana pré e pós-independência, composta por duas caixas, cada uma com 24 tÃtulos.
Mas a pesquisa não permaneceu apenas no âmbito literário. Os jovens analisaram também a influência da cultura afro no subúrbio ferroviário de Salvador, que possui mais de 600 mil habitantes, sendo mais de 80% de negros. "Na região, temos grande predomÃnio do candomblé, capoeira, música, grupos de dança afro e percussão. Só no Lobato existem cerca de 53 terreiros", informa Eduardo.
Texto extraÃdo da seção notÃcias da Fundação Cultural Palmares
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